A defesa da UNILAB passa pela rejeição ao Future-se

Causou-nos muito espanto a portaria da Reitoria de N° 335, de 15 de Agosto de 2019, que designa membros para comporem um grupo de trabalho para analisar os documentos oficiais relativos ao Future-se. O espanto se deu por três pontos, a saber:

Primeiro, porque esse GT não foi aprovado pelo Conselho Universitário, que nem sequer chegou a incluir e discutir o Future-se como pauta;

Segundo, porque estudantes, professores e técnicos, em assembleias de suas categorias, rejeitaram, peremptoriamente, este GT;

Terceiro, entre os nomes listados estão membros de colegiados que já se posicionaram contrários à participação, sendo indicações do Pró-Tempore, não dos setores, sendo mais corretos que constem ali, enquanto representantes do Pró-Tempore e não da comunidade a qual pertencem e que, frise-se, não podem representá-la, haja vista decisão da mesma de não participar do GT.

No momento em que diversas Universidades tomam a posição de não aderir ao Future-se e no qual os reitores da UFC, da UFCA e do IFCE, em nota se colocam contra o Future-se, o Pró-Tempore da UNILAB dá continuidade à sua política covarde de afagar o governo fascista, ignorando que o mecanismo de destruição do Ensino Superior, ora apresentado como programa Future-se, cujo caráter privatista, neoliberal e elitista é evidente, deve ser rechaçado com todas as forças.

Ainda antes de assumir a presidência da República, Bolsonaro já se mostrou inimigo da Educação Superior. Seu ódio à universidade democrática, pública e gratuita nunca foi disfarçado. Seus ministros são escolhidos, parece-nos, baseados na ojeriza às Universidades. O primeiro, que se foi sem deixar saudades, afirmava que a Universidade deveria estar reservada a uma elite. O atual, este fica muito à vontade em realizar cortes profundos nos orçamentos e em ofender todos os que constroem a educação superior deste país.

Faz tempo que a UNILAB foi colocada na mira deste governo. Afinal, ela se constitui enquanto instituição internacional, numa política que buscava maior independência em relação aos países do primeiro mundo, uma heresia para um governo que se contenta em ser capacho dos EUA. A Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira é, ainda, uma reparação histórica de um país que durante boa parte da sua história escravizou os povos africanos em suas terras, aos irmãos de língua portuguesa em África e Ásia, algo, que mais uma vez este governo não pode suportar, por acreditar que não existe dívida histórica alguma. A UNILAB, na busca por servir à comunidade cearense e baiana, e por propiciar acesso à Educação Superior aos excluídos, concebeu um edital de ingresso para pessoas transgêneras e intersexuais, sendo esta a gota d’água que faltava para transbordar o ódio de um governo machista, homofóbico e racista. E veio a intervenção.

Neste momento, quando a comunidade deveria se unir para fazer frente ao retrocesso, o pró-tempore recua. E a cada dia dá mais espaço para que a UNILAB seja destruída, perdendo não apenas a sua autonomia, mas sua própria essência. O GT sobre o Future-se é mais um duro golpe. O Future-se tem sido reconhecido como o maior ataque à Universidade desde o seu surgimento. Quem diz isso não são apenas os sindicatos, mas também reitores e reitoras por todo o país, e conselhos universitários de norte a sul. Não há o que discutir. Só repudiar.

Neste momento, abrir um grupo de trabalho para discutir um programa elaborado por um governo que em momento algum chamou os que constroem a universidade para um diálogo é um verdadeiro acinte. É um aceno para este governo continuar seus ataques a universidade. Bolsonaro como o ogro da lenda, fareja o sangue e a covardia para espalhar ainda mais terror.
Se o Pró-Tempore se encontra amedrontado, a UNILAB não está. Por isso, as assembleias de estudantes, professores e técnicos disseram um retumbante “NÃO” ao Future-se e ao GT. Por isso, todos nos mobilizamos para reafirmar a necessidade de realizarmos nossa eleição e escolher um reitor que possa defender a autonomia da UNILAB e fazer valer a vontade da comunidade que diz NÃO ao Future-se. Aos que ainda acham possível uma posição intermediária, neste momento, fica a lição:

No inferno os lugares mais quentes são reservados àqueles que

escolheram a neutralidade em tempo de crise. (Dante Alighieri)

Companheiros, o GT é algo descabido! Nenhum apoio aos que querem colocar nossa universidade no balcão de negócios do Future-se. Pelo respeito às assembleias das categorias, que os indicados do Pró-Tempore saiam da comissão ou se assumam enquanto tal.

ELEIÇÕES PARA REITORIA JÁ! EM DEFESA DA AUTONOMIA UNIVERSITÁRIA!!
NÃO AO GT! A COMUNIDADE JÁ SE PRONUNCIOU CONTRA ESSE ABSURDO!
NÃO AO FUTURE-SE!

Diretoria Colegiada do Sintufce