“Que a universidade se pinte de negro, de mulato, de operário, de camponês ou bem que fique sem portas, e então o povo as arrebentará e pintará a Universidade com as cores que melhor lhe pareça.”
– Che Guevara
Em 16/12/2023, a primeira universidade cearense, a UFC completou 69 anos de existência. Foram quase sete décadas de muitas lutas, a serviço do povo cearense. O Ceará que recebeu sua primeira universidade em 1954 já não é o mesmo estado, em parte graças a UFC. Apesar disso, continuamos num estado pobre, desigual e repleto de contradições. Por isso, a UFC precisa continuar avançando.
Avançar no sentido de continuar a realizar o que deu certo e deixar de vez para trás o entulho autoritário, o tempo de universidade para poucos, voltada para as elites. Esse é o momento de universalizar a educação superior e não para dar contas de demandas individuais ou do mercado, mas as demandas de toda a sociedade, em especial aos mais pobres, as oprimidas e oprimidos, a classe trabalhadora, do campo e das cidades. São essas as vozes que a academia precisa ouvir, o público que precisa ter em mente no momento de traçar a nova UFC, que deve sair da estatuinte que o Consuni da UFC aprovou em sua última reunião, em 15/12.
E aqui é preciso reconhecer que a UFC mudou. Já não temos em nossa comunidade acadêmica o perfil de sete décadas atrás. Nosso corpo docente tem preparo profissional, experiência e vivência que capacita nossa UFC a desenvolver pesquisa de ponta, ministrar aulas cada vez mais dinâmicas e ter o foco na necessidade do nosso povo. Nossos discentes, hoje, perpassam as mais diversas classes sociais do estado, graças às cotas sociais que permitiram que grande parte da nossa população, antes excluída da educação superior, hoje possa estar na Universidade discutindo sua realidade, afinal, como diz o lema da universidade, “o universal pelo regional, o estudo do universal, não pode se deslocar do local”, da realidade vivenciada pelo nosso povo do Ceará. Por fim, os Técnicos Administrativos em Educação (Tae’s) possuem um perfil tão diverso quanto nossas professoras e professores, das e dos estudantes. Temos em nossa categoria camaradas que vivenciaram essa universidade há décadas e atravessaram momentos importantes dessa instituição, conhecendo como ninguém a UFC. Bem como temos camaradas doutoras, doutores, mestras e mestres, nas mais diversas disciplinas, Tae’s que realizam ensino, pesquisa e extensão, tanto quanto os demais integrantes da comunidade acadêmica.
Diante disso, o SINTUFCE, que também escreveu e escreve a história da educação superior do Ceará. Acredita que faz-se necessário, para que a UFC avance mais, que haja esse reconhecimento de que os Tae’s e os estudantes, também podem ter em suas mãos a gestão dessa universidade. Chega de se fazer universidade embasado em uma visão antiquada e que já foi superada. Precisamos para já, que haja paridade. Paridade para as eleições para reitor e para a composição dos conselhos.
A UFC tem muito o que comemorar nesses 69 anos, principalmente, agora que a democracia foi respeitada e temos novamente um reitor legitimamente escolhido pela comunidade. Só não podemos esquecer que a consulta à comunidade foi realizada sem paridade. Que nos conselhos, as vozes de técnicos e discentes ainda são minoria.
Para que a UFC possa cumprir com sua missão, é preciso dialogar mais com a realidade cearense e com a sua própria. Olhar para os campi em Fortaleza e no interior e escolher trabalhar para solucionar suas contradições. E para isso pode contar com o SINTUFCE e a sua base de Técnicas e Técnicos Administrativos em Educação, servidoras e servidores da educação superior, tanto quanto os docentes que merecem reconhecimento e respeito. Assim como um ambiente de trabalho saudável, ético e transparente, uma vez que os valores que cultivamos devem ser os mesmos que repassamos na formação profissional ministrada em nossa universidade.
Estamos no caminho para alcançar a Universidade de todas e todos. Autoritarismos, conservadorismos e o medo não nos deterão, pois já nos colocamos em marcha. E a UFC não voltará atrás. Avançará sempre no sentido de ser uma universidade democrática, pública, gratuita, de qualidade e referenciada no social e não no mercado.
SINTUFCE, O SINDICATO DE TODAS AS CARAS, DE TODAS AS CORES E DE TODAS AS LUTAS