Ano novo, novas lutas
Meia noite. Fim
De um ano, início
De outro. Olho o céu:
Nenhum indício.
Olho o céu:
O abismo vence o
Olhar. O mesmo
Espantoso silêncio
Da Via Láctea feito
Um ectoplasma
Sobre a minha cabeça:
nada ali indica
que um ano novo começa.
E não começa
Nem no céu nem no chão
Do planeta:
Começa no coração.
Começa como a esperança
de vida melhor
que entre os astros
não se escuta
nem se vê
nem pode haver:
que isso é coisa de homem
esse bicho
estelar
que sonha
(e luta)
Ferreira Gullar
Ano novo. Duas palavras. Tantos significados. Neste momento, a maioria das pessoas traçam seus projetos. Alguns escrevem num caderninho, outros em planilhas elaboradas no excell. Há aqueles que tudo colocam nas mãos de Deus e outros que seguram nas mãos de todos os santos. Promessas, pedidos, planos, metas, enfim, cada um tem a sua forma de recepcionar o novo ano, em deixar que o acaso apronte alguma surpresa.
Acontece que surpresas são inerentes a vida. E por mais bem planejado que seja o seu 2024, algo vai estar fora do roteiro. E apesar disso, seguiremos em frente. Essa é uma lição importante. Porque a gente não pode parar, desanimar ou entristecer por conta dos percalços do caminho.
Se a ciência diz que o ano começa quando a terra inicia uma nova volta ao redor do sol, como diz a poesia que inicia esse texto, o ano novo começa no coração. Em nossos corações deve começar a vontade de mudar, tanto quanto a partir dele somos capazes de sonhar!
Dito isso, precisamos lembrar que para muitas e muitos camaradas teríamos um caminho florido pela frente, na busca da reformulação da carreira e de outras pautas que nos são caras. O governo nos ofereceu silêncio acerca do PCCTAE e nada de recomposição salarial. Vimos desespero, ansiedade, enfim, uma agonia, após o êxtase.
Passado o baque, 2024 bate à nossa porta com uma dura realidade. Nossas universidades com o orçamento garfado pelas aves de rapina, que, no congresso, atendem pelo nome de Centrão. Reajuste ZERO para ativos e aposentados. A EBSERH soberana nos HU’s.
E o que temos? A força de uma categoria que em 2023 voltou a sonhar e acreditar que é possível. E que agora deve lutar. De norte a sul do Ceará, do Cariri a zona Norte, dos sertões do Crateús ao Vale do Jaguaribe, em Redenção, em Fortaleza, servidoras e servidores da UFC, UFCA e UNILAB, precisam agora mostrar sua disposição de luta e fazer o sonho se tornar realidade.
O Estado de Greve está aí para isso. Para preparar cada companheira, cada companheiro, para dizer que as Técnicas e Técnicos Administrativos em Educação merecem respeito. Não é fácil parar uma universidade. Mas, ora, construí-la também é tarefa complexa. E nós, junto com docentes e estudantes tiramos de letra. Então, se preparem. Porque em 2024, nós vamos parar não uma, nem duas, mas três universidades, pela recomposição salarial, por melhorias nas condições de vida e trabalho, pelo novo PCCTAE e em defesa da Educação Superior pública gratuita e de qualidade.
Em 2023 plantamos as sementes. Vamos colher em 2024! Vem com o SINTUFCE construir mais essa LUTA!
SINTUFCE, o sindicato de todas as caras, todas as cores e de todas as lutas!