Aos conselheiros do CONSUNI UFC: não permitam que a democracia universitária seja mais uma vez aviltada

Faz sentido ter universidade sem democracia? Faz sentido que após meses de uma campanha puxada pelo DCE, ADUFC e pelo SINTUFCE contra a intervenção de Bolsonaro e por respeito à democracia universitária na UFC, agora, o autoritarismo e o mandonismo queiram sufocar o CONSUNI?

Nesses tempos em que há brucutus acampados em Brasília dizendo que invadirão o congresso e o STF, pedindo a volta da ditadura, e com um presidente que não disfarça seu autoritarismo e seu caráter perverso, que desrespeita resultados de eleições para reitores em todo o Brasil, desde que ele encontre parceiros que, tal como ele, não têm o mínimo apreço à opinião da comunidade acadêmica, expressa pelo voto é sintomático que os golpes contra a democracia se sucedam dentro da Universidade.

Disfarçados como eficiência, eficácia, agilidade, inovação, entre outros epítetos belos, os ataques contra a democracia acadêmica vêm sendo realizados sistematicamente. São decisões absurdas, quase sempre tomadas pressionando os conselheiros, atropelando as discussões e impedindo que as discordâncias sejam ouvidas. Estamos na luta diária contra o retrocesso.

Como? Ora, contra o autoritarismo, a tirania e a falta de diálogo só há um meio de lutar: buscar ampliar o diálogo, dialogar, fazer com que venham à luz para conhecimento de todos e assim desmascarar os inimigos da universidade pública, tanto os que estão fora dela, quanto os que estão dentro da universidade, corroendo-a como um câncer, apenas para satisfação de seus interesses.

Não nos surpreendeu as propostas para que as decisões do CONSUNI fossem aprovadas pelo SEI sem a abertura do diálogo, sem a discussão salutar que embasaria o voto consciente. Surpreende-nos, sim, o fato de que o momento em que se precisa da mais ampla unidade de nossa universidade, quando temos alunos sem aula, porque não têm como acessar a internet, por não terem nem mesmo o equipamento básico; quando os servidores do Complexo Hospitalar, mesmo os que pertencem aos grupos de risco, estão trabalhando sem os EPIs básicos.

Ora, para enfrentar este momento tão grave, precisamos de uma gestão superior que saia da concordância cega com o governo e use da autonomia universitária para defender a vida. Não aceitaremos que o “plenário virtual” seja o salão de velório da democracia no CONSUNI. Não se pode com uma canetada impedir as discussões. Chamamos a gestão superior a dar voz a todos os que desejam dialogar e debater nossa UFC, mantendo as reuniões do CONSUNI de forma aberta e transparente.

Por isso, apelamos a todos os conselheiros para que não deixem que toquem na democracia universitária. Em todo o Brasil, as reuniões dos Conselhos Universitários estão ocorrendo de forma remota, aberta para discussões e debates. Precisamos que o mesmo continue acontecendo na UFC. Lembrem-se que são membros do Conselho Universitário de uma instituição de ensino pública e não no Conselho de Administração de uma empresa qualquer. Não aceitem a posição de meros coadjuvantes. Sejam os protagonistas da defesa da democracia. Nós do SINTUFCE estamos com vocês até as últimas consequências. Não fiquem temerosos dos esbirros dos atuais donos do poder.

Aos TAEs, reafirmamos que o SINTUFCE, nascido em plena luta contra a ditadura, nunca ficará ao lado dos autoritários. Queremos ampliar a democracia e não ser coveiro dela. Queremos eleições paritárias para reitor, queremos que o eleito pela maioria seja o empossado e queremos que, cada vez mais, os rumos da UFC sejam decididos por técnicos, docentes e discentes, sem intromissões alheias à comunidade.

Diretoria Colegiada do SINTUFCE