Hoje, os TAE da UFCA, UNILAB e UFC retornam as atividades. MAs senti que falatava algo para fechar o momento. Me perguntei:
“Como encerrar esta greve”?
Pensei bastante e resolvi que deveria concluir com uma crônica. Em março, durante uma conversa de estudantes lá do Cariri e que poderia ser de qualquer federal brasileira, a greve dos TAE entrou em pauta. Um deles dizia que estava tudo bem, os técnicos entrarem em greve, porque eles não faziam nada mesmo e que ninguém seria afetado. Ledo engano. Nem bem a greve começou iniciou uma correira para que praticamente todas as atividades dos TAE fossem consideradas essenciais. Vimos de tudo. E os Comando Locais de Greve foram firmes.
Durante 110 dias uma categoria invisível se projetou com força e mostrou que sem o trabalho dos milhares de técnicas e técnicos administrativos em educação não há Educação Superior, muito menos universidade pública. Foi uma greve que, ao seu final coleciona adjetivos. Forte, pedagógica, didática, para ficar em alguns. Mas o que essa greve foi na completa acepção do termo foi POLÍTICA. Não queria apenas salários. Queria mais. Queria um novo modelo de trabalho para uma categoria que, tanto quanto docentes, atua no Ensino, na Pesquisa e na Extensão das universidades. Porque as atividades da Educação Superior não se limitam às salas de aula e laboratórios.
Para além de uma nova carreira, que reconhecesse as competências e os saberes criados pelos TAE, a greve falou com propriedade que é preciso democratizar o acesso e gestão universitária e seus fazeres. Os TAE, em sua diversidade, estão em todo o processo, da admissão de estudantes à sua colação de grau, na concessão de bolsas, na análise de cursos e em sua avaliação, junto com docentes e estudantes, mostrando que a universidade hoje é maior e mais forte, quando utiliza as expertises de toda a sua comunidade, estudantes, docentes e TAE. O futuro da universidade passa por reconhecer isso e sepultar a ditadura docente, se abrindo à paridade nos concelhos e eleições e abrindo possibilidade para que os profissionais altamente capacitados se tornem reitores, independente se docentes ou técnicas e técnicos. Ainda há um longo caminho a percorrer, mas faremos isso juntos, camaradas.
E ainda, ao confrontar a narrativa de austeridade, exigindo valorização das trabalhadoras e trabalhadores da educação e recomposição do orçamento das universidades, a greve mostrou que o caminho das lutas é o único que pode impedir que o grande capital financeiro e os oportunistas do Centrão, lá no Congresso, fiquem com todo o orçamento. Nesse sentido a greve foi civilizatória, ao exigir que a Educação estivesse no centro da pauta. Que todos os direitos estivessem no centro da pauta.
Por isso ela recebeu os mais rematados discursos de ódio. Afinal, como servidoras e servidores da educação podem ter a audácia de contrariar os economistas dos jornalões e do próprio governo e exigir que o orçamento seja utilizado em prol dos trabalhadores e não dos compromissos da dívida?
A greve que começou como sendo uma greve de uma categoria desconhecida e para qual estava relegada a quase nada de reajuste chega ao fim, colocando os TAE no seu lugar ao sol. E mais, com uma careira renovada e que pode ser o ponto de partida para que cada camarada possa crescer e se desenvolver, realizando seus sonhos, cumprindo sua missão junto a universidade pública. Além de arrancar recursos que auxiliam na recomposição orçamentária das IFES e a construção de novos campi e ampliação dos existentes.
Mas ainda precisamos regulam,entar o Reconhecimento de Saberes e Competências e garabtir 30 hs para todos. Os GTs com o MEC, o MGI e a nossa Comissão Nacional de Carreira tem que acontecer e garantir a implemtaçao dessas e de outras ferramentas fundmanetais para que nossas universidades sejam ainda mais locais de qualidade de trabalho, de estudo e de vida!
Lutar é verbo. E sua conjugação não pode parar. Porque precisamos sempre mais. Mais educação, mais universidade, mais orçamento, mais sonhos, mais vida. Mais TAE.
Autoria: Wagner Pires, Servidor TAE da UFCA e coordenador geral do SINTUFCE.
“FALA, TAE!” é uma iniciativa do SINTUFCe para dar voz e vez aos servidores técnico-administrativos em educação (TAE) da UFCA, da Unilab e da UFC através de textos publicados no site, nas redes sociais e em outros canais do sindicato.