FASUBRA define novo plano de lutas e alerta para ofensiva da extrema direita no Brasil e no mundo

Plenária da Fasubra

A Plenária Nacional da Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil (FASUBRA), realizada entre os dias 13 e 15 de junho de 2025, em Brasília, aprovou uma nova resolução de conjuntura e um extenso plano de lutas para o segundo semestre. 

A resolução foi apresentada no informe de direção (ID) número 16/2025, publicado nesta terça-feira, 17, e faz uma análise crítica da situação política e social nacional e internacional, além de definir ações estratégicas para a categoria frente à crescente ofensiva da extrema direita e aos ataques aos serviços públicos.

Leia o documento na íntegra, disponível na página IDs da Fasubra, no site do SINTUFCE: https://www.sintufce.org.br/wp-content/uploads/2025/06/ID-N%C2%B0-016-DE-2025.pdf

A análise da FASUBRA aponta um avanço das forças conservadoras no mundo, com destaque para a retomada do poder por Donald Trump nos Estados Unidos e os ataques do Estado de Israel contra a Palestina. No Brasil, o cenário também é considerado preocupante: mesmo com indicadores econômicos positivos, como o crescimento de 3% do PIB e a queda do desemprego, o governo Lula enfrenta dificuldades para implementar seu programa eleito, sofre pressão do Congresso Nacional e perde apoio popular diante da alta dos preços e da precarização dos serviços públicos.

Entre os principais alvos das críticas está a retomada da proposta de Reforma Administrativa, agora travestida de “Transformação do Estado”. A FASUBRA denuncia o projeto como um instrumento de desmonte do serviço público, com medidas como o fim da estabilidade, contratações precárias e avaliações de desempenho com critérios subjetivos. O ataque se articula ao chamado “Arcabouço Fiscal”, que impõe teto de gastos e ameaça áreas sociais.

A Federação reafirma a necessidade de intensificar a luta pela valorização dos servidores técnico-administrativos em educação, exigindo o cumprimento integral do Termo de Acordo nº 11/2024. A pauta inclui reivindicações como: implantação do Reconhecimento de Saberes e Competências (RSC), isonomia nos reajustes, jornada de 30 horas, afastamentos para pós-graduação, revisão de adicionais, entre outros pontos.

Foi mantido o estado de greve e aprovado um calendário de mobilizações para o segundo semestre, com paralisações quinzenais de 48 horas, especialmente em hospitais universitários e demais setores estratégicos. O Dia Nacional de Luta está marcado para 26 de junho, com foco na recomposição orçamentária das instituições federais de ensino e contra a Reforma Administrativa. Também foram aprovadas propostas como a construção de um plebiscito popular em defesa da taxação dos super-ricos, pelo fim da escala 6×1 e pela isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil.

A Plenária orientou ainda a intensificação da pressão sobre parlamentares, a realização de audiências públicas, o envio de representantes a Brasília e a articulação com demais entidades do funcionalismo público, além da produção de materiais para conscientização da população. A FASUBRA também decidiu apoiar a luta internacional por justiça ao povo palestino e se posicionar contra o Projeto de Lei nº 1663/2023, que enfraquece o financiamento sindical.

Por fim, a direção nacional da FASUBRA convoca suas entidades de base a indicarem representantes para o Grupo de Trabalho de Raça e Etnia, visando ampliar o debate e a organização de ações afirmativas, como o Encontro Nacional de Negras e Negros previsto para novembro.

O calendário aprovado contempla ações até novembro de 2025, com destaque para plenárias nacionais, encontros temáticos, conferências e mobilizações articuladas nacionalmente. A estratégia da FASUBRA reforça a necessidade de unidade entre entidades sindicais e movimentos sociais para enfrentar os desafios impostos pela conjuntura.

 

Análise da conjuntura

Para o coordenador geral do SINTUFCE, Wagner Pires, o avanço das forças conservadoras no Congresso representa uma ameaça concreta aos direitos da classe trabalhadora e impõe aos servidores públicos, especialmente aos servidores  técnico-administrativos em educação (TAE), o desafio urgente de resistir coletivamente aos ataques do capital e à destruição dos serviços públicos, como a educação e a saúde.

“O avanço das forças conservadoras não pode mais ser negado. O Congresso Nacional assume um papel de ferramenta da luta de classes ao impor derrotas que a mídia comemora como sendo do governo Lula, mas na verdade, quem perde são os trabalhadores.  

Fortalecidos nesse embate, os ataques dos parlamentares à serviço do capital, se voltam para as trabalhadoras e trabalhadores do serviço público.  Só isso já deve acender o alerta para nós, TAE, uma vez que as medidas de arrocho pensadas para o servidor atingem nossa categoria em cheio, tanto por sermos a maior categoria do serviço público, quanto por atuarmos na Educação Superior, desde sempre alvo dos ataques mais desleais, seja da extrema-direita, seja dos seus porta-vozes na mídia e nas redes sociais. 

Neste cenário precisamos encaminhar a unificação das lutas de todo o serviço público, para derrotar a Reforma Administrativa, que nada mais é que uma destruição das condições de vida e trabalho das servidoras e servidores para encerrar de uma vez por todas a educação e a saúde públicas. Precisamos resistir. E o SINTUFCE é essencial para organizar as lutas em Fortaleza e no interior do Ceará, em defesa da nossa carreira e da UFCA, UNILAB e UFC”.