Nota de solidariedade à Professora Helena Martins | Vitória contra o interventor: um marco contra o autoritarismo e a misoginia

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Em meio à luta contra as tenebrosas heranças do bolsonarismo — dentre elas, a luta contra a anistia dos golpistas do 8 de janeiro, bem como nosso apoio e defesa do mandato de Glauber Braga, ameaçado por sua denúncia do orçamento secreto —, recebemos uma notícia alvissareira!

A professora Helena Martins divulgou que venceu o processo que moveu contra o interventor. É um absurdo que a UFC tenha sido palco, por meio do interventor, de perseguição política a uma mulher — e, mais ainda, a uma diretora sindical —, tentando criminalizar sua atuação e reduzindo sua atividade política a um simples complemento do mandato do marido. Uma postura que reúne todo o suco da extrema-direita: autoritarismo, machismo, ódio aos sindicatos e perseguição às lutadoras e lutadores.

A vitória é de todas e todos que se colocaram contra os desmandos do interventor. Figura que, agora, deseja ocupar uma vaga no Senado — o que repudiamos veementemente, uma vez que o parlamento deve ser limpo de todos os inimigos da democracia que já estão lá.

Parabenizamos a companheira Helena e nos colocamos ao seu lado na luta pela comunicação pública e em defesa das nossas universidades, contra todas as formas de autoritarismo e machismo.

Sigamos na luta por uma universidade pública, gratuita e cada vez mais democrática — espaço de estudo, trabalho e vida com qualidade, inclusão e diversidade!

Direção Colegiada do SINTUFCE

ENTENDA O CASO 

A Justiça decidiu, nesta semana, a favor da professora da UFC e ex-secretária geral da ADUFC Sindicato (Sindicato dos Docentes das Universidades Federais do Estado do Ceará), em processo movido contra o interventor da Universidade Federal do Ceará (UFC), Cândido Albuquerque. A ação teve origem em 2021, quando, em meio à intervenção imposta pelo governo federal à universidade, Albuquerque enviou um e-mail institucional para toda a comunidade acadêmica criminalizando a atuação política da dirigente sindical.

À época, a docente ocupava cargo na diretoria da ADUFC, entidade que desempenhou papel central na luta pela autonomia universitária e contra a intervenção. No conteúdo da mensagem, o então reitor interventor atacava a dirigente por sua filiação partidária e tentava desqualificá-la politicamente ao associá-la às posições do seu então companheiro, numa tentativa de deslegitimar sua atuação de forma abertamente misógina.

A decisão judicial reconheceu o abuso de autoridade e reforçou a importância da autonomia universitária, da liberdade de organização política e do respeito à atuação das mulheres nos espaços públicos. Para a autora da ação, a sentença representa uma vitória coletiva:

“Ganhamos, no plural, porque a decisão é um primor de afirmação da autonomia e da necessidade de respeitar a atuação das mulheres – além, claro, de reiterar que a organização em partidos é um direito constitucional.”

Além da vitória no processo por danos morais, tramita outro processo que cobra o direito de resposta da docente em todos os canais de comunicação institucional da UFC. A Justiça já deu ganho de causa em primeira instância, mas o direito ainda aguarda efetiva publicação. A autora aponta que a lentidão do processo revela o quanto o direito de resposta ainda é frágil no Brasil.

Em um momento em que Cândido Albuquerque anuncia pretensões políticas, a ex-dirigente reafirma a importância de seguir denunciando sua conduta durante a intervenção na UFC:

“Que as milhares de pessoas saibam que não calamos e quem era esse sujeito, que agora quer se candidatar ao parlamento. Continuaremos a denunciar seus desmandos. Machistas: não passarão!”

A decisão reforça a necessidade de combater o autoritarismo, o machismo institucional e a perseguição política no interior das universidades públicas, especialmente durante contextos de intervenção.