NOTA: FUTURE-SE OU A INSUSTENTÁVEL ESTUPIDEZ DA GANÂNCIA

Em tempos de governo neoliberal tudo está à venda. Tudo tem um preço. Tudo está em liquidação. O governo vendeu a previdência, comprando o voto dos deputados a peso de ouro, com dinheiro, que hoje sabemos, veio em boa parte da educação. Bolsonaro entregou aos ianques tudo o que eles queriam em troca de uns afagos e de ser reconhecido como o Trump da América do Sul. O mesmo governo que fechou em tempo recorde um acordo com os europeus em troca da completa destruição do que resta da indústria nacional. A toque de caixa temos o aumento assustador dos casos de violência contra a mulher e dos casos de homofobia, sem falar da destruição do meio ambiente, não só com a aceleração assustadora do desmatamento, como com a maior liberação de agrotóxicos da história, envenenando nosso povo para garantir os lucros do agronegócio.

Agora esse governo se volta para as universidades. Em uma só tacada, ele destrói a autonomia universitária, corta o financiamento público das instituições e ainda repassa para a iniciativa privada o patrimônio construído em tantos anos de lutas e conquistas. Bolsonaro sabe muito bem o que está fazendo. Sempre se colocou contra a Educação Superior, considerando-as supérfluas e um desperdício de dinheiro, afinal, segundo o próprio, bastam cursos técnicos e seu antigo ministro colombiano ainda complementava afirmando que a Universidade deveria estar reservada a uma elite.

O atual ministro, um fanfarrão, que ainda não se decidiu se é um coach ridículo, ou um fracassado piadista de stand up, ou mais um “brucutu” arrogante desse governo, parece ter certeza de apenas uma coisa: precisa destruir a universidade pública e suas atividades de ensino, pesquisa e extensão, caçando o direito do povo brasileiro a uma educação superior pública, gratuita e de qualidade.

Ora, Adam Smith, considerado o pai do liberalismo econômico, em um de seus textos mais conhecidos, disse que a sociedade tinha pão graças à ganância do padeiro. Não era o desejo de servir, nem o de ser útil à sociedade. Resumia-se à pura e simples ganância. É a isso que se resume a exploração capitalista baseada na concorrência, que hoje parece encher os olhos de uma multidão de brasileiros. Cada um com suas escolhas. Entretanto, essa é a questão. É certo que a educação e ainda a educação superior, atividade semeadora de sonhos, que potencializa ascensão social e que nos últimos anos contribuiu para diminuir as desigualdades regionais, possa ficar atrelada à ganância do mercado?

É impensável que a educação superior seja imolada no altar do deus mercado para agradar a sanha dos investidores, comprometendo o futuro do país, condenando-o ao atraso, a ficar de joelhos diante dos interesses do capital rentista nacional e internacional.

Nós que construímos as universidades federais devemos nos colocar contra este retrocesso e bradar aos quatro ventos: NÃO ao Future-se. Estudantes, professores e técnicos, unidos devem mobilizar e apresentar à sociedade brasileira a grande verdade de que a educação superior é geradora de desenvolvimento, empregos e de algo que dinheiro nenhum no mundo paga: a realização dos sonhos de milhares de brasileiros que conquistam com seu ingresso à uma universidade o poder, não apenas de sonhar, mas de realizar esses sonhos.

Somos milhares! Estamos nessa peleja há muito tempo. Enfrentamos a ditadura, o descaso de Sarney, o neoliberalismo de Collor e FHC, mantivemos a luta nos governos Lula e Dilma, pois queríamos ainda mais, nos opusemos a Temer e agora diante de Bolsonaro não vamos baixar nossa bandeira. A bandeira de luta por uma Universidade Pública, Gratuita, de Qualidade, Democrática e Patrimônio de todos os trabalhadores.

Diretoria Colegiada do Sintufce