Servidor da UFC mobiliza entidades para a luta em combate ao preconceito religioso

 

Sebastião Ramos, técnico-administrativo da universidade, é o fundador da Abravipre

 

No último dia 21 de Janeiro – Dia nacional de Combate à Intolerância Religiosa, a Associação Brasileira de Apoio a Vítimas de Preconceito Religioso (Abravipre), fundada e presidida pelo servidor técnico-administrativo da UFC Sebastião Ramos, disponibilizou uma tribuna livre na Praça do Ferreira para dar voz às pessoas que já vivenciaram ou testemunharam abusos praticados contra membros das mais diversas religiões. Diversas entidades participaram da tribuna Livre e já planejam a criação de um Comitê Estadual de Combate à Intolerância Religiosa.A data foi divulgada pela Abravipre por meio de cartazes colados em avenidas, áudio e panfletagem. O objetivo principal do movimento foi divulgar amplamente a gravidade da intolerância religiosa, despertando as pessoas oprimidas para a busca por ajuda e justiça.

 

Em breve, a Abravipre também realizará ações dentro da Universidade Federal do Ceará (UFC), onde casos de discriminação religiosa, de gênero e racial foram identificados. No ultimo dia 13 de janeiro, Sebastião Ramos esteve com o reitor da UFC, Jesualdo Farias, em reunião para a exposição de como a associação poderá contribuir para o trabalho da Comissão Especial de Direitos Humanos da UFC, que iniciou seus trabalhos no dia 31 de maio de 2013, em prol do respeito à diversidade de orientação sexual, étnica, cultural, ideológica e religiosa entre a comunidade universitária. Wilton Cavalcante, diretor do Núcleo Regional do Ceará da Liga Humanista Secular do Brasil (LiHS), e Júnior, formando em História, advogado e apoiador da Abravipre, também estiveram presentes à reunião. Marcelo Natividade, coordenador do Núcleo Direitos Humanos e Sociais do Observatório de Políticas Públicas (MAPP/UFC) e do Curso de Ed. em Direitos Humanos/ Inst. Virtual-MEC-SECADI, não pôde participar do encontro, mas, segundo Sebastião, já manifestou o apoio à luta da Abravipre.

 

Durante a reunião, Sebastião Ramos expôs a história da associação, sua atuação, e explicou que pessoas de inúmeras religiões a procuram. “Ajudamos aqueles que foram, de alguma forma, discriminados e veem na Abravipre um ponto de apoio, uma luz em meio à obscura experiência que é sofrer preconceito”, explicou. O presidente da Abravipre sugeriu ao Reitor publicação de cartilhas e a promoção de debates e seminários com a comunidade universitária sobre direitos humanos, a lei da liberdade religiosa e de expressão. O Reitor expressou seu apoio ao trabalho desenvolvido pela associação e encaminhou o presidente da Abravipre para uma reunião com o Pró-Reitor de Gestão de Pessoas da UFC, Serafim Firmo, quando será firmada uma parceria entre a associação e a universidade, para contribuições da Abravipre à Comissão Especial de Direitos Humanos da UFC.

 

A Abravipre foi fundada no dia 13 de junho de 2012.O motivo da constituição da associação foi a discriminação sofrida por Sebastião Ramos ao sair da igreja Testemunhas de Jeová. Ele relata que os ex-membros da religião, por orientação dos próprios líderes religiosos, passam a sofrer humilhações, indiferença, inclusive pelos familiares que são membros da igreja. “Famílias estão sendo destruídas, amigos estão sendo separados, pessoas estão em pânico e há até relatos de depressão e suicídios”, conta Sebastião. Hoje, a Abravipre acolhe pessoas de qualquer credo ou religião que busquem ajuda para superar o sofrimento provocado pelo preconceito religioso. “Nenhuma Crença está acima da Lei” é o lema da associação. “Nós somos um movimento nacional. Disponibilizamos orientação jurídica, contato com a imprensa para dar visibilidade aos casos denunciados e encaminhamento para outros tipos de suporte às vítimas, em parceria com os órgãos competentes, como o Ministério Público estadual e federal e a Defensoria Pública. Também atuamos no sentido de criar uma cultura de informação e de acesso aos direitos que nos assistem”, disse Sebastião.

Segundo Sebastião, o estelionato religioso, a discriminação institucionalizada, o crime de ódio e de preconceito religioso são comuns, mas pouco denunciados. Eles ferem a liberdade e a dignidade humana. “A pessoa fica ludibriada. Há pessoas com grau de instrução elevado, mas que deixam de agir em sã consciência. E porque acontece isso? Isso acontece porque não há discussão. Todo o mundo pensa que isso é normal”, explicou.

 

Para ele, “você deve ter a sua fé, continuar na sua religião, mas é preciso ler o seu manual divino – seja a Bíblia ou o Alcorão. Você não deve ir além do que está escrito. Devemos ficar atentos aos apelos por doações excessivas que prejudicarão a sua a situação financeira e aos incentivos a privações e discriminações”. E complementa: “a religião tem a sua contribuição para a sociedade. As pessoas têm que se apegar a alguma coisa. A religião fortalece a pessoa, por meio dos cânticos e orações. Mas, temos que lembrar sempre que todos somos iguais perante a lei e a Deus. Ele quer que vivamos em paz. O diferente também nos ensina. Nós queremos uma cultura de paz entre as religiões. É preciso despertar para a compreensão de que, assim como é um direito exercer a fé, também é um direito não ter fé em alguma divindade”.

 

Serviço
Os que desejarem associar-se à entidade jurídica ABRAVIPRE, poderão entrar em contato diretamente com o presidente. Contatos:[email protected]; telefone (85) 85886109 – 98274705; sitewww.abravipre.org.
Acesse em http://goo.gl/yci22A o artigo do Sebastião Ramos para saber mais sobre o trabalho realizado pela Abravipre.