O Sindicato dos Trabalhadores das Universidades Federais no Estado do Ceará (Sintufce) organizou o debate ‘As Perspectivas para o Serviço Público Pós-Eleições 2018’, com a participação do representante da Executiva Nacional CSP Conlutas, Gibran Jordão, na Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) e na Universidade Federal do Ceará (UFC), nos dias 22 e 23 de outubro.
O evento foi promovido para os servidores técnico-administrativos em Educação das duas Universidades, que relataram sobre o temor que sentem em relação ao futuro político do Brasil, principalmente em relação aos investimentos destinados à saúde e educação, que já vêm sofrendo com os reflexos da Emenda Constitucional 95, que freia tais recursos por 20 anos. Além disso, a categoria se aterroriza com o que pode acontecer futuramente no país, como a falta de liberdade de expressão, privatizações das universidades púbicas, mudanças no pleito para escolha dos reitores entre outras propostas.
Debate na Unilab Debate no Pátio da Reitoria UFC
“Estamos horrorizados com as propostas que vêm sendo levantadas pelo candidato Jair Bolsonaro. Ele está de olho em privatizar o ensino público, gratuito e de qualidade. Em uma das suas declarações foi dito que pretende cobrar mensalidades nas universidades públicas. Além de suas incitações de ódio e preconceito, como declarado numa entrevista à TV Cidade Verde, afiliada do SBT no Piauí, em diz que vai acabar com o ‘coitadismo’ de nordestino, gay, negro e mulher. Não dá para acreditar mesmo que este senhor terá capacidade de governar o país”, argumentou Keila Camelo, coordenadora Geral do Sintufce.
Para Gibran Jordão, a situação no funcionalismo público que já estava crítica com o governo Temer, assombra-se mais ainda com a possível vitória de Bolsonaro. “Se antes, os servidores poderiam apresentar propostas e negociarem as 30 horas com as universidades, depois dessa eleição, se Bolsonaro ganhar, isso não passará de um sonho. Nosso plano de carreira dentro da universidade, que foi conquistado através de muita luta, estará ameaçado. Os reitores das universidades passarão a ser nomeados pelo governo, algo que é preocupante demais, pois teremos interventores que poderão calar pensamento crítico universitário. Se nós não mudarmos esse quadro, teremos um grande embate pela frente”, afirmou Gibran.
Os servidores aproveitaram também o debate para relatarem os problemas internos que estão sendo cada vez mais recorrentes nos espaços da universidade, como o assédio moral e perseguições. Além de se queixarem da Instrução Normativa N° 2, publicada em setembro deste ano, que trata sobre o controle de frequência, a compatibilidade de horários na acumulação remunerada de cargos, empregos e funções, aplicáveis aos servidores públicos, em exercício nos órgãos e entidades integrantes da Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional.
Lucas Lucena, servidor da Unilab, falou sobre os enfretamentos internos que a categoria tem passado e destacou que: “a publicação da Instrução Normativa N°2 foi recebida pelos técnico-administrativos em Educação da Unilab como uma determinação. Pelas últimas reuniões que participei com a Reitoria, nota-se que é irredutível o posicionamento deles e o caráter da instrução é de implementação”.
A coordenadora Jurídica do Sintufce, Cássia Araújo, avaliou os posicionamentos levantados durante o debate na Unilab e falou sobre as intervenções que o jurídico do Sintufce tem promovido em prol dos servidores. “Tenho acompanhado todos os processos que o Sintufce tem recebido e estamos agindo para que os casos de assédio moral e perseguição na Unilab, UFC e UFCA sejam exterminados e seus causadores sejam punidos. O cenário que tem se formado nas universidades é preocupante, a imposição do controle de frequência nas IFEs deve ser avaliada para se saber até onde esse mecanismo é adequado e se será capaz de gerar eficiência para a Administração. Será que com ele os casos de assédio moral e perseguições não vão é aumentar? ”, indagou a coordenadora.
Para finalizar, Cássia disse que “a atual conjuntura é tenebrosa e não podemos deixar para amanhã, temos que agir hoje, pois o futuro do nosso país está em nossas mãos, no livre exercício do nosso voto. Do voto certo e consciente, que afaste qualquer possibilidade de retirada dos direitos dos trabalhadores”.