O 5º Seminário do Fórum Permanente em Defesa do Serviço Público do Ceará teve como tema “Reconfigurações no mundo do trabalho e as novas realidades das lutas sindicais”. Realizado nesta quarta-feira, 21, no auditório da Delegacia Regional do Sindifisco no Ceará, o evento contou com o apoio do Sindicato dos Trabalhadores das Universidades Federais no Estado do Ceará (SINTUFCE). A direção foi representada pela coordenadora de Administração e Finanças, Cássia Araújo.
As atividades começaram com uma apresentação do cordelista e professor da rede municipal de ensino de São Gonçalo do Amarante, Paiva Neves, que destacou a importância do cordel no ensino de português e matemática nas séries iniciais. Paiva também compartilhou sua experiência como sindicalista e recitou algumas de suas histórias.
Em seguida, os presentes acompanharam uma análise da conjuntura política e econômica brasileira elaborada pelo convidado Neuriberg Dias e pela debatedora Raquel Dias. Neuriberg, jornalista, assessor sindical e diretor do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP), destacou que o ataque aos sindicatos e a qualquer entidade que represente os trabalhadores tem aumentado nos últimos anos. “É necessário retomar o diálogo com a sociedade. A bancada sindical no Congresso Nacional diminuiu, enquanto o número de empresários cresceu, representando 2/3 dos parlamentares”, lembrou ele.
Neuriberg apontou uma série de desafios permanentes para a luta sindical, como a herança social, econômica e política brasileira, um governo restrito pelo orçamento e indicações, e uma frente ampla partidária com divergências em determinadas agendas, gerando conflitos constantes para mediação. Para enfrentar esses desafios, ele defende um Legislativo independente, empoderado e protagonista. “É preciso eleger uma bancada de sindicalistas para melhorar a correlação de forças no Congresso Nacional. Essa mudança deve começar agora nas eleições municipais”, afirmou.
Raquel Dias, por sua vez, acredita que o enfraquecimento da luta sindical resulta da falta de perspectiva coletiva. Ela defende uma maior mobilização da base e destaca a criminalização dos movimentos sociais e de qualquer iniciativa voltada para soluções coletivas. “Perdemos a perspectiva da construção do socialismo”, argumenta.
Ela ressaltou que os sindicatos frequentemente têm dificuldades em dialogar com alguns movimentos sociais, como os de mulheres, negros e negras, e pessoas LGBTQ+. “Esses movimentos não são acolhidos pelos sindicatos. Precisamos promover esse diálogo internamente, garantir paridade de gênero, criar grupos de trabalho contra opressões e oferecer formação política e sindical dentro dos sindicatos”, explicou.
Além de fomentar esse diálogo, o seminário também prestou homenagem a pessoas que contribuíram para a construção do Fórum e promoveu a eleição de novos representantes para liderar o movimento nos próximos seis meses.
O Fórum Permanente em Defesa do Serviço Público do Ceará é composto exclusivamente por entidades sindicais e associativas que representam os servidores públicos em todos os poderes, no âmbito federal, estadual e municipal, atuando no estado do Ceará. O Fórum promove a defesa e valorização do serviço público.