Estamos em Estado de Greve para que o governo cumpra parte do acordo

Quo usque tandem abutere patientia nostra?

Essa é a frase inicial das famosas “Catilinárias”, do famoso orador romano Cícero. Lembrei dela, ao refletir sobre a situação dos TAE e acredito que a pergunta, quem em bom português significa: “até quando abusarás de nossa paciência?” Se encaixa como uma luva na situação que estamos enfrentando no momento. 

Após uma longa greve, conseguimos um acordo para finalizá-la em que conquistamos uma série de ganhos. No entanto, o governo teima em se fazer de desentendido, postergando o cumprimento de uma série de pontos do acordo, além de atuar de forma leniente para aprovação da MP que reestrutura carreiras e que aumenta os salários. Tudo isso enquanto alimenta a fome do congresso por emendas que ultrapassam em muito o total de recursos destinados às servidoras e servidores e mesmo o orçamento das universidades.  E tudo isso, acreditando que do lado de cá, aceitaremos passivamente, esse jogo de empurra-empurra entre o congresso e o executivo.  Neste momento, enquanto esta nota é redigida, a LOA foi aprovada, mas ainda não sancionada pelo presidente. Por que a pressa, não é mesmo? Urgente é atender ao mercado financeiro, que, mesmo com a mudança de presidente, continua mandando no Banco Central e aumentando os juros. Exige pressa, fechar o acordo para que as emendas do orçamento secreto sigam transitando alegremente e sem transparência. É urgente dar ao agronegócio o que desejam. 

Enquanto isso, a educação e a saúde seguem precarizadas. E, mesmo com a LOA aprovada, seguem contingenciadas!  Mas nós, TAE, temos pressa. Pressa em democratizar as universidades. Pressa por valorização. Pressa por melhorar nossas condições de vida e trabalho. E dizemos a um governo que parece querer abusar demais da nossa paciência, que não aceitaremos ser ignorados, no que diz respeito ao nosso futuro, ao futuro de nossa carreira e de nossa universidade. 

Por isso, o Estado de Greve. Para dizer ao governo que o apoio que ele acha que encontrará no mercado ou no centrão, com tantas benesses a eles, cujo retorno é pífio, ele teria encontrado se colocando ao lado das trabalhadoras e trabalhadores, se  Vez de atender ao mercado, o projeto de governo virasse para a esquerda e garantisse, saúde, educação, trabalho e melhores condições de vida às trabalhadoras e aos trabalhadores, receberia em troca o apoio necessário para varrer as hostes fascistas e silenciar a direita. Porque só a luta muda a vida. E do lado dos oprimidos sabemos lutar, porque só com a luta diária que conseguimos nos manter em um país tão desigual. 

Então, vamos ao Estado de Greve. Para dizer basta. Para dizer que o acordo deve ser cumprido, agora, na íntegra. Não dá para adiar mais. As técnicas e técnicos, trabalhadores da educação, merecem a valorização pela qual lutam a tanto tempo. Os TAE merecem respeito. A categoria não vai baixar suas bandeiras, afinal, aqui , sabemos que sem luta, não conquistaremos nada.