Na manhã da última segunda-feira (9), trabalhadoras e trabalhadores terceirizados da limpeza da Universidade Federal do Ceará (UFC) iniciaram uma paralisação em protesto contra os sucessivos atrasos de salários, vales-alimentação e vales-transporte. A mobilização, que teve início com uma concentração em frente à Pró-Reitoria de Assistência Estudantil (PRAE) e seguiu com ato na Reitoria, contou com o acompanhamento do Sindicato Geral Autônomo da Educação do Ceará (SIGAE-CE), que representa parte da categoria.
Os profissionais terceirizados são contratados pela empresa LDS, responsável pela prestação dos serviços de limpeza e zeladoria na universidade. Segundo relatos dos trabalhadores, os atrasos vêm se repetindo desde fevereiro, gerando insegurança financeira e comprometendo as condições mínimas de vida de quem garante o funcionamento essencial da UFC.
Antes da paralisação, um ofício foi enviado tanto à empresa LDS quanto à administração superior da universidade, solicitando uma reunião para tratar da situação. Sem retorno, a paralisação foi aprovada em assembleia da categoria, como forma de pressionar por uma solução imediata e duradoura.
Durante a assembleia dos servidores técnico-administrativos em educação (TAE) da UFC, realizada também na manhã de segunda, o estudante Ítalo, do curso de Ciências Sociais da UFC e integrante do SIGAE-CE, esteve presente e relatou a situação vivida pelos terceirizados. Ele destacou a urgência de medidas por parte da universidade e a necessidade de responsabilização da empresa LDS. Segundo ele, o SIGAE-CE também cobra que a administração da UFC aplique multa contratual à empresa e considere a convocação de outra empresa classificada no edital de licitação, diante da reincidência nos atrasos.
Apoio do SINTUFCE
Em nota pública divulgada em seu site oficial no dia 14 de maio, o SINTUFCE manifestou solidariedade à paralisação e reafirmou sua posição crítica à política de terceirizações nas universidades públicas. A entidade ressalta que, embora a gestão universitária tenha entre suas atividades-fim o ensino, a pesquisa e a extensão, o pleno funcionamento da universidade também depende das atividades de apoio, como limpeza e manutenção, desempenhadas por profissionais terceirizados que, infelizmente, não desfrutam do mesmo vínculo institucional nem das garantias dos servidores efetivos.
A nota ainda destaca que a terceirização acentua a precarização do trabalho, especialmente em contextos de crise orçamentária agravada por políticas de austeridade impostas pelo governo federal. “Sem o serviço e a dedicação desses trabalhadores, a vida na UFC se torna insalubre”, aponta o texto.
A moção de apoio foi aprovada em assembleia da categoria TAE no dia 6 de maio de 2025 e pode ser acessada na íntegra através do site do sindicato, no link:
https://www.sintufce.org.br/por-uma-ufc-de-todas-as-trabalhadoras-e-trabalhadores-mocao-de-solidariedade-as-companheiras-e-companheiros-que-atuam-na-ufc-em-atividades-terceirizadas/
O SINTUFCE reafirma seu compromisso com uma universidade pública que valorize igualmente todas as pessoas que constroem cotidianamente o espaço acadêmico, independentemente do tipo de vínculo contratual. A luta pela dignidade no trabalho é uma luta de toda a classe trabalhadora.