Universidades federais cearenses: patrimônio de todos

Chegamos a 2019 com três universidades federais sediadas em território cearense. Somando-se as três universidades estaduais, chegamos a seis instituições públicas de educação superior que atuam em todo o estado realizando atividades de ensino, pesquisa e extensão.

O Ceará recebeu o ensino superior de forma tardia, com suas primeiras faculdades sendo criadas no início do século XX. A constituição da UFC, nossa primeira universidade em 1954, trouxe ao Estado uma verdadeira revolução ao possibilitar a integração do ensino superior e impulsionar a formação profissional dos cearenses. Surgia uma universidade que buscava servir à região, enquanto mantinha em sua produção o caráter universal, próprio de uma instituição universitária. Hoje a UFC é indiscutivelmente uma das melhores universidades brasileiras, com pesquisas de ponta em diversas áreas, recebendo o reconhecimento internacional não só por suas pesquisas, mas também por seus docentes, alunos e técnicos.  Apenas na segunda década do século XXI, a UNILAB e a UFCA vieram somar-se a pioneira, trazendo, ambas, características próprias que justificam sua criação como instituições independentes e não só como simples expansões da UFC.

A UNILAB parte do esforço da integração brasileira com os países de língua portuguesa, dentro de um projeto mais amplo de projeção do Brasil na arena internacional, não como mero coadjuvante das ações do imperialismo europeu ou ianque, mas como um líder entre os emergentes. Recebendo alunos asiáticos e africanos, a universidade possibilitou um rico contato cultural, além de um intercâmbio valioso com países que passam a ter o estado do Ceará como uma referência, uma vez que se projeta no imaginário de diversos jovens que veem a UNILAB como alternativa para obtenção de uma educação de qualidade, gratuita e que lhes possibilitará serem importantes protagonistas de suas histórias em seu retorno a suas pátrias.

A UFCA, estabelecida no corredor cultural e comercial do Cariri, onde o sertão do Nordeste se encontra, tanto na sua lida constante quanto em sua fé no Padre Cícero, apresenta um diálogo aberto com os sertanejos, buscando a construção de novos saberes por meio da combinação do saber científico com a sabedoria popular, fazendo brotar na região, uma instituição que, a cada dia, abre-se mais e mais para a sustentabilidade, para a busca de uma nova forma de atuação, que permita a convivência do homem com o sertão semiárido.

Nas três universidades atuam milhares de servidores técnico-administrativos que possibilitam, através de suas atividades, o funcionamento das universidades cearenses. Eles estão no Hospital Universitário, nos laboratórios, nos setores administrativos, nas unidades acadêmicas, enfim, em todos os setores da universidade. Realizam um trabalho silencioso que permite a docentes e a discentes a realização de suas atividades. Além desse suporte precioso, os técnicos ainda realizam Ensino, Pesquisa e Extensão, como parte da comunidade acadêmica.

É como parte desse corpo técnico, que escrevo essas linhas. Essas Universidades, que tanto têm contribuído para o desenvolvimento do Ceará, não podem ser abandonadas. Desde 2016, a rotina das universidades federais cearenses tem sido uma rotina de contingenciamento, de cortes e de arrocho. Sem explicação alguma, projetos importantíssimos para a sociedade cearense tem que ser reduzidos ou descontinuados por conta de cortes profundos e sem nenhum critério. Tratam como gasto o que na verdade é um investimento no futuro de todos os cearenses.

A última década assistiu à ampliação dos cursos e das vagas nas universidades. Nossas cidades do interior receberam campi. Ampliaram-se a participação das classes populares no ensino superior, por meio de políticas de inclusão e de assistência estudantil, que permitiram aos alunos de baixa renda, não apenas entrar na universidade, como se manter nela. Todas essas transformações trouxeram um novo tempo para nosso estado. Fomentaram o desenvolvimento das regiões onde se instalaram os campi, trouxeram novos empreendimentos, estimulados pela disponibilidade de pessoal qualificado.

A UFC, a UFCA e a UNILAB permitiram, por suas atividades, não só a construção do novo, como entendermos o Ceará e o cearense, conhecermos a nossa história e entender o nosso potencial. É esse legado que precisa ser defendido. É esse legado que precisa perdurar e se perpetuar. Por isso, a sociedade cearense precisa defender estas universidades. Venha até nossas universidades. Conheça-as. Envolva-se em suas atividades. Participe.

Manter o modelo de Ensino Superior atualmente existente é garantir uma universidade pública, gratuita, de qualidade, inclusiva e aberta a todos os cearenses. Do Cariri a Fortaleza. Da Região Norte à Região Jaguaribana. Em todo o Ceará.  Por isso, em 2019 estaremos atentos aos ataques contra as universidades e conclamamos a todos a participarem dessa luta em defesa da Universidade, em defesa dos direitos e em defesa dos TAE das Universidades Federais no Ceará e em todo país! Feliz ano novo! Em 2019 nos vemos nas lutas!

Diretoria Colegiada do Sintufce