Bolsonaro foi derrotado nas urnas, mas ainda temos muito trabalho a fazer

A vitória eleitoral de Lula liderando uma frente ampla pela democracia e contra a extrema direita deve ser comemorada. Em 30 de outubro, nós dissemos um sonoro não à política de morte, arrocho e ataque aos direitos das trabalhadoras e dos trabalhadores promovido por Bolsonaro e seus aliados, mas a vitória eleitoral ainda não é suficiente.

Como estamos vendo, a extrema-direita enverga a alegoria verde-amarela dos patriotas Fakes, sonhando com um golpe dos que usam a farda verde oliva e que estavam à frente do governo Bolsonaro em todos os escalões. A movimentação golpista começou antes mesmo do fechamento das urnas, com inexplicáveis blitze, em volume poucas vezes vistas, e localizadas principalmente no Nordeste, o que dificultou o direito de voto de muitas brasileiras e brasileiros. Seguiu-se com o bloqueio de rodovias por apoiadores do candidato derrotado, não aceitando o resultado das eleições. De lá para cá, toda semana a extrema-direita produz uma nova mentira, mantendo-se em frente aos quartéis, diuturnamente e em atos muito bem financiados.

É contra tudo isso que devemos nos organizar e deixar claro que a eleição de Lula deve ser respeitada e o futuro presidente deve tomar posse, abrindo caminho para desarticular o aparelhamento do Estado promovido pelo governo militar de Bolsonaro. Lula precisa sinalizar para nós trabalhadoras e trabalhadores que Bolsonaro e seus cúmplices não ficarão impunes, quebrando todos os sigilos, permitindo as investigações e revogando Decretos, Instruções Normativas e outras legislações do governo de extrema-direita, garantindo o amplo debate de temas que digam respeito à nossa carreira de técnicos e às nossas universidades. Precisamos, ainda, que o imoral Orçamento Secreto seja desmontado e que a transparência possa mais uma vez dar o tom das ações de governo.

Temos outras frentes de luta para além dos esperneios da extrema-direita.  Como dissemos, Lula lidera uma ampla frente democrática. Nela, figuras estranhas e até antagônicas às classes trabalhadoras encontraram espaço e visibilidade. O que caracteriza que o governo se encontra, desde já, em disputa. E, nesse embate, o nosso lado é aquele que se posiciona às trabalhadoras e aos trabalhadores do serviço público e da iniciativa privada, sejam no campo ou nas cidades. O nosso lado é o das oprimidas e dos oprimidos, das mulheres, da comunidade LGBTQIA+, das negras e dos negros, dos indígenas e tantos outros vitimados pela necropolítica dos últimos quatro anos.

Do outro lado está o mercado, um ratinho nos tempos de Bolsonaro e Paulo Guedes, que descobriu novamente como rugir diante das demandas populares. Do outro lado a grande imprensa burguesa, que insiste em comparar as justas demandas de quem tem pressa para comer com as rachadinhas e negociatas de Bolsonaro e do Centrão. Do outro lado está os que defendem o teto de gastos, que tanto mal fez as nossas universidades. Enfim, temos que arregaçar as mangas e começar o trabalho.

Em nossas universidades temos ainda que resolver o problema dos interventores e de uns e outros que teimam em implementar a agenda de Bolsonaro para a Universidade. Uma política que para além do autoritarismo e da falta de diálogo, copiadas do presidente derrotado, também contribuiu para atrelar nossas universidades ao mercado, virando as cotas para a sociedade cearense. Os ventos da mudança, que sopram agora, devem nos fortalecer para pôr abaixo as estruturas mal arrumadas dos inimigos da universidade, que teimam em permanecer entre nós como ervas daninhas.

Por isso, convocamos nossa categoria para participar das Assembleias da UFCA, no dia 29/11, da UNILAB, no dia 30/11, e da UFC, no dia 1°/12, a fim de retirarmos nossos representantes para enviar para a Plenária da FASUBRA, nossas e nossos melhores camaradas, lutadoras e lutadores dedicados a debater os rumos da federação e traçar estratégias de luta do tamanho do desafio aqui elencado. Contamos com cada servidora, com cada servidor, para que possamos levar à Plenária companheiras e companheiros que possam nos representar valorosamente e dos quais nos orgulharemos de sua participação ativa e decisiva no traçar dos rumos das lutas do próximo período!

SINTUFCE de todas as caras, de todas as cores e de todas as lutas!