Desde 2020, enfrentamos dois inimigos muito perigosos: a pandemia da COVID-19 e o governo Bolsonaro e seus aliados dentro e fora das universidades. Nesses dois anos, o SINTUFCE não deixou um só instante de lutar contra ambos, fazendo a defesa dos servidores contra a necropolítica que se estabeleceu no país com a ascensão do bolsonarismo.
A inação, o negacionismo e as negociatas resultaram em mais de 600 mil vidas ceifadas. Famílias enlutadas que poderiam ter tido melhor sorte se Bolsonaro tivesse dado ouvidos à ciência. Cá entre nós, não espanta Bolsonaro, por ser quem é, apelar para o negacionismo e para os obscurantistas grupos antivacinas. O que espanta é que em nossas universidades estejam dando espaço para tal postura.
Não bastasse isso, mesmo com pandemia e todos os problemas que afligiram brasileiras e brasileiros, como o desemprego, a inflação e a fome, o Congresso, sob a batuta de Lira, fez profundos ataques aos direitos dos trabalhadores e aprovou reformas e leis que descaracterizam completamente a ação social do Estado brasileiro, não deixando a nós, trabalhadoras e trabalhadores, nem mesmo as migalhas que caem das mesas dos verdadeiros privilegiados. Enquanto isso, fomentam a divisão entre nós ao atribuir a pecha de privilégio aos direitos das servidoras e servidores públicos, que deveriam ser universalizados a todas e todos.
Apesar de Bolsonaro, as vacinas chegaram e estão sendo aplicadas. Isso reflete na queda das taxas de adoecimento e morte por COVID-19 e já nos permite ensaiar o retorno às atividades presenciais. Aqui cabe nosso protesto em relação ao retorno presencial das atividades administrativas que, ao nosso ver, poderiam ter esperado o início de 2022, até para que pudéssemos avaliar a situação da pandemia e das novas variantes, como a ômicron, que já faz vítimas pelo território brasileiro. Que as gestões superiores tenham em mente que a saúde e a segurança dos servidores é mais importante. A vida é o bem mais importante! Não podemos relativizar isso de forma alguma!
Os últimos meses foram de uma batalha intensa contra a Reforma Administrativa, que se arrasta no Congresso devido ao forte posicionamento das entidades de luta dos servidores, dentre eles nosso SINTUFCE e a FASUBRA, além de tantos outros. 2022 é o momento de dar escala ainda maior aos protestos e manifestações contra mais esse descalabro, como os que foram vendidos como solução para o país, dentre eles as Reformas Trabalhista e da Previdência. Como sabemos, nada trouxeram de bom a não ser acelerar a marcha dos mais pobres para a miséria e a fome.
A Reforma Administrativa é apenas um eufemismo para a destruição da saúde e da educação, por meio da perseguição às servidoras e servidores públicos e uma deterioração ainda maior das condições de trabalho.
Encerremos 2021 com um agradecimento por estarmos aqui, presentes e com nossos corações cheios de esperança. Esperança que vai nos dar força para seguirmos lutando e para dar um basta nas políticas nefastas que ameaçam nossas universidades, nossas carreiras e nosso próprio país. Nossos votos para que todos possam celebrar com suas famílias e, aos que perderam entes queridos para essa doença, que possam confortarem-se reciprocamente. Recebam um caloroso abraço, de todos os que fazem o SINTUFCE!
Que 2022 traga a unidade necessária às trabalhadoras e trabalhadores, sejam do serviço público, sejam da iniciativa privada, sejam do campo ou das cidades, para que possamos construir, juntos, um país mais justo, mais igual e onde as oportunidades possam ser verdadeiramente para todos.
Saudamos cada servidora e servidor, que continuem apoiando e lutando conosco, por todo Ceará, porque onde tem servidor TAE tem SINTUFCE e onde tem SINTUFCE tem luta. O convite aqui é para que todos venham conosco tecer um novo amanhã, uma nova manhã!
Tecendo a Manhã
1.
Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito que um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.
2.
E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendendo para todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação.
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão.
João Cabral de Melo Neto.
Diretoria Colegiada do SINTUFCE – Gestão Lute!
