A diretoria colegiada do Sindicato dos Trabalhadores das Universidades Federais no Estado do Ceará (SINTUFCE/Gestão Lute) reconhece, enaltece e homenageia Rosa da Fonsêca, grande personalidade cearense que faleceu na última quarta-feira (01), vítima de complicações de um câncer, aos 73 anos. Em sua memória, o SINTUFCE está em luto, mas mantém suas atividades normais.
Sua trajetória ratifica o exemplo de resistência, coragem e dignidade na luta em defesa da liberdade. Filha de Quixadá, Rosa Maria Ferreira da Fonsêca veio para a capital em busca de estudos. Aqui, tornou-se referência como militante do movimento estudantil na época do regime militar, sendo inclusive presa política. Ficou encarcerada no manicômio feminino, pois à época não existia local adequado para presas políticas. Com muita luta a família conseguiu posteriormente, sua transferência para o hospital militar. Ela era estudante de Ciências Sociais da Universidade Federal do Ceará (UFC). Após a prisão, mas ela concluiu a graduação e fez mestrado em Educação pela mesma UFC.
Ao lado de Jorge Paiva, Célia Zanetti, Maria Luiza Fontenele e outros militantes históricos, Rosa contribuiu para a ação e reorganização dos movimentos sociais nos últimos trinta anos de história política no Brasil. Um de seus maiores projetos, ao qual ela se dedicou, defendeu e lutou, foi ao grupo Crítica Radical — fundado por ela 1973.
Após a redemocratização, foi eleita vereadora de Fortaleza em 1992 pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB), sendo a segunda mais votada no pleito municipal naquele ano, com um mandato marcado por sua atuação e compromisso. Foi filiada ainda ao PT, PCdoB e PSTU, sindicalista e presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) no Ceará, professora e membro da direção do Sindicato APEOC. Militou ainda pela retirada do ex-presidente Fernando Collor e, mais recentemente, contra o Governo Bolsonaro.
Bandeiras de Rosa da Fonsêca (Fonte: Câmara Municipal de Fortaleza – Gabinete da Vereadora Larissa Gaspar)
1. Participou da JEC (Juventude Estudantil Católica) – 1965/1967
2. Militante no Movimento dos Professores – 1966/1999
3. Militante Estudantil de 1968/1977
4. Presa Política de 1971/1973
5. Fundadora e Coordenadora do Movimento Feminino Pela Anistia – 1975/1979
6. Fundadora do Comité Brasileiro Pela Anistia (CBA)
7. Fundadora e Coordenadora da União das Mulheres Cearenses (UMC) – 1979/1999
8. Fundadora e Dirigente da Central Única dos Trabalhadores, sendo a primeira mulher Presidenta da CUT
9. Diretora Executiva da CUT – 1984/1985
10. Presidenta da CUT – 1985/1987
11. Diretora Executiva da CUT-1987/1988
12. Diretora da CUT -1988/1990
13. Diretora da CUT – 1991/1994
14. Vereadora de Fortaleza pelo PSB – 1993/1996 (2a mais votada)
15. Fundadora e Dirigente Nacional do PART (Partido da Revolução dos Trabalhadores pela Emancipação Humana)
16. Integrante da Ação Popular/PCdoB -1967/1979
17. Fundadora e Dirigente do PRC (Partido Revolucionário Comunista)
18. Fundadora e Dirigente do PRÓ (Partido da Revolução Operária)
19. Candidata a Deputada Federal e Estadual pelo PMDB, PT e PSB
20. Candidata a governadora do Estado pelo PSTU/PCB
21. Teve importante participação na luta estudantil nos anos de ditadura militar no Brasil, sendo integrante da Diretoria clandestina do C.A de Ciências Sociais e do DCE/UFC – 1970/1971.
22. Fundadora da Associação dos Sociólogos do Estado do Ceará.
23. Fundadora e assessora da União das Comunidades da Grande Fortaleza (UCGF) – 1979/1999.
24. Fundadora da Central de Movimentos Populares-CE.
25. Organizadora e participante de vários congressos de professores, de mulheres, de comunidades, da CUT, destacando-se: os Congressos de Unificação dos Professores que unificaram SINTECE e APEOC no SINDUTE; o l Congresso Estadual de Educação, do qual participou Pablo Gentile; Conferências Estaduais de Educação, trazendo Gaudêncio Frigotto, entre outros, os congressos estaduais e nacionais da CUT; os Congressos Nacionais de educadores (CPB/CNTE).
26. Participou na organização, como debatedora, conferencistas, delegadas dos 7 congressos de mulheres realizados pela UMC.
27. Participou da Conferência Mundial das mulheres realizada em Pequim, China em 1995
(Beijing).
28. Co-autora do Projeto Alternativo de Educação “Escola Pública dos trabalhadores”,
apresentado pelo SINDIUTE no CONED.
29. Organizadora e integrante do Instituto de Filosofia da Práxis.
30. Atualmente integrava o Grupo Critica Radical.
Por tudo isso, saudamos Rosa da Fonseca. Ao longo destas mais de sete décadas, ela prova que lugar de mulher é onde ela quiser estar, com coragem, fibra, altivez e dignidade. Seu histórico de luta é uma lição de vida, de convicção, perseverança e fidelidade à causa a qual ela acreditava. Seu legado permanecerá em todos os que defendem a vida e o amor ao próximo.
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