A Pandemia provocada pelo Coronavírus permitiu que o serviço público tomasse contato com uma modalidade de trabalho totalmente nova. Milhares de servidoras e servidores realizaram suas atividades de modo remoto, fora do seu local de trabalho, beneficiados pela evolução das Tecnologias da Informação e da Comunicação. As Universidades conseguiram realizar suas atividades no modo remoto e em muitos setores não houve queda da qualidade do serviço com a ausência dos servidores nas instalações da instituição. Isso comprova a possibilidade de se aprofundar essa modalidade de trabalho, abrindo portas para que as novas tecnologias possam trazer benefícios aos servidores em relação ao controle do tempo de trabalho, ao eliminar a necessidade de deslocamento de suas residências até a universidade e, ainda, otimizar suas atividades laborais.
O próprio governo se beneficiou com a experiência de teletrabalho em massa proporcionada pela pandemia. Constatou tanto a economia em relação ao uso de equipamentos e no consumo de energia, quanto no corte indiscriminado de benefícios dos servidores como a insalubridade, auxílio deslocamento, entre outros. Por isso, ainda durante a Pandemia, deu início a uma série de normativos sobre o teletrabalho, abrindo a possibilidade deste a todos os setores do serviço público.
No entanto, nem tudo são flores. Não podemos esquecer, nem quem é Bolsonaro, muito menos seu ministro Paulo Guedes, e na UFC, o interventor não nos deixa esquecê-lo. A proposta de teletrabalho deste governo constitui um engodo a ser enfiado garganta abaixo dos servidores. Precisamos estar atentos a tudo isso. Primeiro, porque o teletrabalho vem dentro de um conjunto maior de tentativas de controle do saber fazer das servidoras e servidores. Nomeado de Programa de Gestão de Desempenho, colocam o teletrabalho, uma aspiração de boa parte dos servidores, após verificarem que o trabalho remoto lhes possibilitou melhor controle de suas jornadas, dentro de um programa que deseja alterar a filosofia de trabalho, baseada no controle do tempo, para a exploração da produtividade.
Ora, para nós, servidoras e servidores técnicos administrativos, que sempre lutamos para mostrar que a Educação não é mercadoria e que a Universidade não é uma empresa, vemos a lógica da produção em massa, baseada na produtividade, chegar sorrateiramente em nossa porta. Entendam, camaradas, que não se discute aqui o lado benéfico do teletrabalho, nem os pontos positivos da adoção dessa modalidade, mas as contradições de como ela vem sendo implementada, e não poderia ser diferente, afinal, este governo, que desde a primeira hora mostrou-se inimigo de toda a classe trabalhadora, dedicando uma especial atenção no desmantelo das carreiras do serviço público.
Bolsonaro e Guedes acenam com o teletrabalho, mas o que têm a oferecer ao servidor é uma ampliação da exploração do trabalho. Não podemos morder a isca. Por isso, o SINTUFCE quer discutir a fundo o teletrabalho e organizará em cada universidade Grupos de Debate sobre esse assunto. Queremos realizar essa discussão com todas e todos, agregando as Comissões Internas de Supervisão de Carreira – CIS da UFC, UFCA e UNILAB, para apontar formas de realizar um modelo de teletrabalho que realmente seja um ganho e uma conquista para os servidores.
Dito isto, cabe nosso repúdio à forma como a Gestão Superior da UFC vem tentando implementar o PGD. O SINTUFCE, desde o primeiro momento, pediu para discutir o Teletrabalho em todas as universidades. Participamos dos debates com as gestões de pessoas da UNILAB e da UFCA. Universidades que, reconheçamos, estão tratando do tema de forma aberta e democrática, com a participação de toda a comunidade.
A UFC, infelizmente, reuniu-se com o SINTUFCE, prometendo pautar a discussão de forma democrática e realizar um seminário sobre o tema, no qual o sindicato poderia junto com os servidores auxiliar na construção de uma minuta que desse aos servidores e servidoras uma maior segurança, ao tempo em que nos esforçaríamos para, recorrendo à autonomia universitária, retirar os pontos mais danosos, como o que joga no bolso do servidor os custos do equipamento para o desempenho de suas funções e o controle das atividades por softwares externos à universidade, entre outros.
Por isso, a portaria publicada no dia 29 de junho causou revolta a todas e todos que constroem este sindicato. Não diremos que nos surpreendeu, pois uma medida dessas é justamente o que se espera do interventor: após dizer que irá discutir e debater, lança à medida que simplesmente despreza as contribuições valorosas realizadas pelos técnicos e técnicas da UFC. Produziu-se, então, um documento míope, por não enxergar além das cores que a gestão tem a sua frente e que capenga sofrivelmente para o autoritarismo, para a direita, e para ser tão somente um documento do pior governo da história do Brasil, onde se apensa o brasão da UFC.
Um documento que, pasmem, ao estabelecer uma comissão permanente de avaliação do PGD, não convidou um único membro da CIS para participar. Por que motivo a Universidade deixou a CIS de fora não sabemos. Talvez pela indisfarçável tendência do interventor de não ouvir outra voz que não seja a que concorde com ele. Eis o ponto em que estamos: queremos melhores condições de vida e trabalho. Não as conseguiremos, a não ser que derrotemos Bolsonaro, Guedes e seus aliados no Congresso e em nossas universidades. Para isso, precisamos nos organizar, debater, para que possamos transformar em bem, o mal que planejam nos fazer. Por isso, fazemos o chamado para organizar GT’s para discutir as portarias da UFC, da UFCA e da UNILAB e propor as modificações necessárias para que o Teletrabalho seja realmente o benefício que desejam nossas servidoras e servidores!
SINTUFCE de todas as caras, de todas as cores, de todas as lutas
Diretoria Colegiada do SINTUFCE
Gestão Lute